Startups e grandes empresas se confundem na aplicação, mas ambas podem se beneficiar utilizando as ferramentas em seus projetos...
Há algum tempo estou me aprofundando tanto na teoria quanto na prática de um dos temas mais requisitados do momento: Método Ágil.
Artigos, matérias em revistas, livros e até a descrição de oportunidades de emprego: está todo mundo falando de Método Ágil. Esse tema está tão atual quanto Transformação Digital, outro tema muito presente nos dias atuais no mundo corporativo e de negócios.
Metodologia Ágil se tornou uma palavra da moda, que funciona praticamente como sinônimo de pessoa antenada e atualizada com os novos requisitos do mercado.
Trabalho há algum tempo com gestão de projetos corporativos (PMO) e leio bastante a respeito do tema, porém ultimamente eu particularmente venho notando muita inconsistência sobre o que falam e como aplicam gestão de projetos e Método Ágil, como se um substituísse o outro.
Primeiramente acredito que o Método Ágil e ser uma empresa ágil são coisas diferentes. Ser uma empresa ágil independe de ser uma startup ou uma multinacional. Acredito que ser ágil está primariamente ligado com a cultura e estrutura da empresa, que se traduzem em fatores como por exemplo flexibilidade e network interno somados a uma e equipe composta de pessoas dinâmicas e com senso empreendedor, uma estrutura que propicia rápidas tomadas de decisões, processos internos transparentes, concisos e orientados a performance dentre outros.
Já o Método Ágil está relacionado às ferramentas e rotinas que podem ser aplicadas na implantação de alguns projetos.
Recentemente trabalhei em uma grande cadeia varejista, com histórico e grande representatividade em vendas on line. Nesta empresa fui responsável por criar e colocar em produção um novo canal digital de vendas, o marketplace da empresa. Este departamento era formado basicamente por pessoas oriundas do departamento de TI, com formação e skill técnicos de tecnologia da informação.
Utilizar o Método Ágil para criar o produto marketplace (um software, com muitas integrações e modelo voltado para operacionalizar um novo conceito de vendas on line) foi uma experiência incrível, onde vi na prática alguns conceitos do método ágil tais como o quadro kanban, gráficos de burn down, sprints, reuniões de plannings, retros, reviews e etc.
Para a criação desta aplicação de TI, funcionou muito bem e na minha visão é isso que venho notando no mercado, que aliás a própria metodologia Scrum, em seu manifesto ágil, primeiros slides de qualquer treinamento no tema diz:
“ cobrindo melhores métodos para desenvolvimento de software ”
Mas e quando existem demandas que não envolvem a somente criação de um software / sistema ou mesmo quando a demanda envolve a criação de uma aplicação sistêmica mas não tem o escopo limitado a isso como por exemplo um e-commerce em expansão que quer abrir um novo centro de distribuição em uma nova região? Note que este novo CD também terá a maioria de seus controles internos e integrações com outras áreas da empresa através de sistemas.
Seria possível fazer MVP (produto mínimo viável)? sprints ? aplicar o método ágil e toda a sua essência?
Ultimamente venho notando grandes empresas que entram nessa confusão e partem para uma execução pífia, cheia de problemas e ineficiências, isso tudo por que tem muitos gestores e lideranças se encantando com uma das mais atuais ondas do mercado, tentando fazer só porque está na moda.
Startups geralmente nascem em volta do seu produto / serviço onde há necessidade de se testar e validar o mesmo para se encontrar e começar a crescer. Acontece que geralmente, a solução das startups passa por ser um software, ainda embrionário e que de forma evolutiva, se propõe a mudar com inovação algo que o mercado já faz há algum tempo.
Aí que vem o problema na minha opinião: uma miopia enorme de muitas empresas e gestores sobre como fazer e o que utilizar como metodologias dentro das empresas, muitas vezes, movidos pela última tendência de mercado ou apenas por saber que muitas startups e empresas da moda utilizam, mas sem conhecimento profundo do tema deixando de fazer o que é melhor para a empresa apenas para seguir o que está na moda.
Particularmente vejo o Método Ágil com aplicação para desenvolvimento de produtos, mais especificamente software, onde o mesmo sofre muitas e constantes melhorias durante o tempo (novas funcionalidades por exemplo) e aí grandes empresas podem se beneficiar, pois geralmente elas tem muitos produtos e também sistemas legados que suportam sua operação.
Assim como as grandes empresas podem e devem buscar o método ágil internamente as startups devem também buscar utilizar a gestão de projetos nos seus desafios internos ressaltando que previamente ao menos conheçam e entendam seus conceitos, suas aplicações e vantagens.
Startups, majoritariamente correm atrás de crescimento, entregas e resultados, campo farto para aplicabilidade da gestão de projetos, mas muitos empreendedores relegam os benefícios que a gestão de projetos pode trazer pelo simples fato de desconhecer o tema ou mesmo porque é um conceito mais antigo e não da moda.